quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Porque será?

Os portugueses estão entre os europeus que manifestam menor satisfação com a vida e felicidade, de acordo com o Inquérito Social Europeu de 2006, um estudo que compara os valores e atitudes sociais na Europa.
Os resultados da terceira fase do estudo, que tem sido desenvolvido desde 2001 em países comunitários e fora da União Europeia, são apresentados esta quinta-feira em Lisboa, no Instituto de de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que, em consórcio com o Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa (ISCTE), assegura em Portugal a realização do inquérito.
Comparando com os resultados de inquéritos semelhantes realizados em 23 países europeus, Portugal ocupa «o quinto lugar mais baixo em bem-estar subjectivo, isto é, em felicidade e satisfação com a vida», revela.
Além do bem-estar subjectivo, que compreende avaliações acerca do grau de agradibilidade da vida, o inquérito debruça-se igualmente sobre o bem-estar psicológico dos europeus, entendido como a visão mais profunda da qualidade de vida e o bem-estar social, equivalente à qualidade do funcionamento pessoal ao nível das relações com os outros e com a sociedade.
No que diz respeito ao bem-estar psicológico, Portugal está também abaixo da média europeia, ocupando o 16º lugar, entre 23, só à frente da Hungria, Federação Russa, Estónia, Eslováquia, Bulgária, Polónia e Ucrânia, que encerra a tabela.
No capítulo do bem-estar social, a posição portuguesa também não é brilhante. Numa tabela liderada pela Noruega, Portugal ocupa o 17º lugar, à frente da França, Rússia, Polónia, Ucrânia e Bulgária.
Relação com o nível de desenvolvimento
Os autores relacionam estes valores com o nível de desenvolvimento do país. «De facto, quanto maior o nível de desenvolvimento avaliado pelo índice de desenvolvimento do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) de 2007, maior o bem-estar subjectivo, psicológico e social», referem no estudo.
O trabalho de campo foi conduzido em Portugal entre Outubro de 2006 e Fevereiro de 2007, através de 2.222 entrevistas presenciais em casa dos entrevistados.
Um dos países onde os cidadãos menos confiam nos outros
Portugal é um dos países europeus onde os cidadãos menos confiam nos outros, revelam os resultados do Inquérito Social Europeu, um projecto que desde 2001 estuda e compara os valores e atitudes sociais na Europa.
A partir de entrevistas face-a-face realizadas em casa de 2.222 portugueses, entre Outubro de 2006 e Fevereiro de 2007, o ESS III (na sigla em inglês) conclui que «desde 2002 que Portugal faz parte do grupo de países (dos 17 estudados) com menores níveis de confiança» e que apresenta sempre «níveis de confiança abaixo do ponto médio da escala», tal como a Polónia, a Hungria e a Eslovénia.
Os resultados relativos à confiança interpessoal foram obtidos a partir das respostas às questões: «de uma forma geral, acha que todo o cuidado é pouco quando se lida com pessoas ou acha que se pode confiar na maioria das pessoas?»; «acha que a maior parte das pessoas tentam aproveitar-se de si sempre que podem, ou pensa que a maior parte das pessoas são honestas?» e «acha que, na maior parte das vezes, as pessoas estão preocupadas com elas próprias ou acha que tentam ajudar os outros?».
Tal como os portugueses, também os polacos, húngaros e eslovenos tendem a desconfiar da honestidade dos outros, ao contrário dos nórdicos. Suécia, Finlândia, Noruega e Dinamarca são os países com os níveis mais elevados de confiança entre as pessoas.
Portugueses também confiam pouco no futuro
Os autores do estudo associam a grande desconfiança interpessoal a uma «baixa interajuda e associativismo que é frequente verificar na nossa sociedade».
Os resultados mostram que os inquiridos portugueses evidenciam baixa confiança no futuro e confiam pouco nas instituições.
.
Portugal diário

Sem comentários: