sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Editorial

Cerca de 120 mil professores manifestaram-se no sábado passado em Lisboa, em sinal de protesto contra a avaliação, voltando a bater recordes na adesão a uma manifestação pública.
O Governo tem-se mantido firme, em levar por diante a reforma no ensino, afirmando que a avaliação é importante para que se mantenha um sistema justo, enquanto a ministra reafirma que a avaliação é para avançar e que os sindicatos devem respeitar o compromisso que assumiram.
Por seu turno os professores afirmam que vão manter a luta, enquanto a avaliação não for suspensa, dizendo que a manter-se esta situação, farão novo protesto no dia 19 de Janeiro de 2009.
Por seu lado, o representante da Associação Nacional de pais congratulou-se por os sindicatos e professores, terem o bom senso de marcar a manifestação para um fim-de-semana, para não prejudicarem os alunos. Os sindicatos além da suspensão imediata da avaliação, exigem o recuo do Governo na proposta ao novo regime de concurso e a disponibilidade do executivo para regularizar os horários “ilegais”. Há inclusivamente quem afirme, que a aproximação do calendário das legislativas pode funcionar como um trunfo para resolver este combate político-sindical.
Ao que parece, a avaliação dos professores tornou-se inevitavelmente um caso político-sindical, quando os seus interlocutores pretendem resolver esta questão na perspectiva do calendário eleitoral, quando deveria ser resolvido num plano de concertação e diálogo.
Quando todos afirmam que é necessário apostar na formação e valorização profissional dos trabalhadores portugueses, para que as empresas sejam mais competitivas, capazes de responder às exigências do mercado com recurso às novas tecnologias, como é possível atingir estes objectivos, sem uma educação de excelência? Tudo isto só é possível se houver rigor, pois é necessário incutir uma cultura de eficiência e exigência, que passa pela avaliação dos professores e alunos, como se faz em todas as actividades profissionais.
Todos nós somos diariamente avaliados nos nossos empregos, temos objectivos a cumprir, temos alguém que nos “fiscaliza”, quem vê o nosso desempenho no trabalho e os professores não devem fugir à regra. Como é do conhecimento de todos, recentemente foi divulgado o ranking nacional das escolas portuguesas, onde as escolas privadas aparecem melhor classificados e os alunos com melhores notas , bem à frente das escolas públicas. Isto revela bem o seu funcionamento.
Nas melhores Escolas e Colégios privados, os professores são seleccionados pelo seu mérito, tem sentido de “responsabilidade”, não faltam às aulas quando lhes apetece, há uma grande exigência dos docentes e alunos e os resultados estão bem à vista de todos, basta analisar os números. Por sua vez os professores que leccionam nas escolas públicas, faltam muitas vezes às aulas, prejudicando os alunos, quebram de certa forma o ritmo escolar, sem que nada lhes aconteça. Esta situação gerou junto dos encarregados de educação falta de confiança, pois querem o melhor para os seus filhos, e procuram outros centros de ensino, ficando o ensino público para os parentes pobres.
De lamentar os protestos na recepção à Ministra da Educação em Fafe, onde foi recebida num ambiente hostil e insultuosa, protagonizada pelos alunos. É de censurar a manipulação dos alunos que foram utilizados numa questão que apenas diz respeito a professores e Ministério da Educação.
A preocupação dos docentes é a avaliação, porque está em causa as promoções automáticas nas carreiras da função pública, mas é importante premiar o mérito, pois é uma questão de justiça social.
Já agora, se os professores estão tão preocupados com a educação em Portugal, porque não discutem outros problemas no ensino, como a renovação do parque escolar, melhores condições nas escolas, espaços para a prática do desporto, violência entre alunos e a segurança na escola?
Esta questão revela bem que os portugueses estão atentos a estas situações, a comprovar isto é o facto de o Governo resistir às críticas dos sindicatos dos professores e continua bem à frente nas sondagens.

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