quinta-feira, 24 de julho de 2008

Scolari

Luís Filipe Scolari, deu início a mais uma etapa na sua vida de treinador, assentando arrais nos ingleses do Chelsea. Pelo caminho ficou o trabalho que desempenhou na selecção portuguesa. Pessoa de personalidade forte, carisma e determinação que trouxe um novo olhar e sentido patriótico, que envolveu os portugueses em torno da equipa de todos nós.

Amado por muitos, odiado por outros, especialmente pelos adeptos do FCP, que nunca lhe perdoaram o facto de ter deixado de convocar o Vítor Baia, quando este tinha sido considerado pelas estatísticas do futebol, como o guarda-redes com mais títulos ganhos em todo mundo.

Contudo, teve o condão de unir os portugueses e os próprios jogadores da selecção, pondo fim a um mal que existia muitas vezes no seio da equipa, onde por vezes, imperava a rivalidade entre jogadores, especialmente dos três maiores clubes portugueses.

Scolari restaurou a credibilidade e independência no relacionamento com os principais clubes, limpando a imagem que todos tinham dos treinadores que passaram pela selecção, não deixou que houvesse ingerências no seu trabalho ou escolhas dos jogadores a seleccionar, acabou com as jogadas de bastidores, onde era perceptível a pressão externa de alguns dirigentes desportivos para ver os seus jogadores seleccionado de forma a valorizar “seu produto”.
Foi uma pessoa que incomodou muita gente que estava mal habituada, daí ter criado algumas incompatibilidades com alguns presidentes de clubes e treinadores de equipas onde militavam jogadores da selecção nacional, refiro-me a Pinto da Costa, Mourinho, Carlos Queiroz, entre outros. Mas foi sempre firme nas suas convicções e imune a pressões, veja-se o caso que gerou, quando ainda era seleccionador do Brasil, ao deixar de fora da convocatória do mundial o conhecido Romário.
Quanto às suas qualidades técnicas como treinador, tenho algumas reservas, porque nem sempre esteve bem nas suas opções, de referir que Portugal assegurou a participação no Euro 2008 nos últimos jogos, num grupo de apuramento perfeitamente ao nosso alcance. Mas relativamente às suas capacidades humanas, não restam dúvidas, que é um excelente treinador, soube sempre superar as críticas e pressões, utilizando estas no sentido de proteger os jogadores e reforçar o espírito de grupo.

Na avaliação do seu trabalho, poder-se-á dizer que não fez um grande trabalho uma vez que, teve sempre à sua disposição um naipe de jogadores dos melhores do mundo. Mas acontece que, Portugal sempre teve grandes jogadores e nunca ganhou nada. Ter atingido uma final do europeu de 2004 e ter ficado em quarto lugar no último mundial, é sempre de considerar um trabalho positivo, apesar do fracasso na participação do Euro 2008.

Talvez tivesse sido um erro colocar a fasquia muito alta, ao incluir Portugal entre as selecções favoritas ao título, e devido à conjuntura mediática que envolveu a selecção nacional, com a “novela” Ronaldo e o anúncio precipitado do abandono da equipa pelo Scolari, tivesse retirado concentração a todos.

Agora que foi anunciado o novo seleccionador português Carlos Queiroz, desejamos ao novo timoneiro sorte no regresso à Federação Portuguesa de Futebol, e que continue na senda das vitórias.

Ao Scolari desejamos felicidades para o seu novo desafio…
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AM

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