Ozono a mais não preocupa Lamas d'Ôlo
2008-07-02
Ermelinda Osorio
Os níveis de concentração do ozono na aldeia de Lamas d' Ôlo, na Serra do Alvão, perto de Vila Real, excederam os limites aconselháveis por duas vezes na última semana. A população já foi alertada e a universidade está a estudar a situação.
"Já tenho ouvido falar nessa coisa do ozono, mas se quer que lhe diga, não estou nada preocupado", garante António Peixoto Dinis, de 79 anos, "nascido e criado em Lamas d'Ôlo". O habitante acrescenta que " quando está mais calor é certo que descanso um 'cibinho', mas só se não tiver nada para fazer na agricultura, porque a reforma mal dá para comer". Prazeres Martins, de 82 anos, lá vai dizendo que se "preocupa um bocadinho", mas também é o mesmo que a move a sair de casa nas horas de mais calor: "às vezes, é preciso sachar o milho ou cortar a erva. Se tiver que morrer morrerei", justifica.
Faustino Relvas, Manuel Relvas, Manuel Alves, Eduardo Capela e Domingos Gonçalves andam a calcetar uma rua em plena hora da sesta. Não estão "nada preocupados", mesmo que lhes digam que "a actividade física muito intensa não convém", refere o presidente da junta de freguesia, Domingos Fernandes. O autarca recorda: "várias pessoas na aldeia que têm durado até quase os 100 anos e mais. Sinceramente, divulgamos os alertas, mas acho que ninguém liga nada a isso".
O fenómeno da concentração do ozono nesta zona de montanha está a ser estudado há dois anos pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). A investigadora, Margarida Correia Marques, explica que "a partir de 180 microgramas por metro cúbico passa a ser obrigatório informar as populações, porque as pessoas mais sensíveis (crianças, idosos, asmáticos e pessoas com problemas respiratórios) começam a ressentir-se". Segundo informação da Comissão de Coordenação da Região Norte, essas pessoas "devem evitar inalar uma grande quantidade de ar poluído, especialmente durante o período mais quente. Por esse motivo, a actividade física intensa ao ar livre deve ser reduzida ao mínimo".
Margarida Correia Marques acrescenta que "as conclusões do estudo deverão ser apresentadas em Setembro, mas avançou já que "existe claramente uma correlação entre a temperatura elevada e as concentrações de ozono, e nestes períodos em que se atingem as concentrações mais elevadas, normalmente a Península Ibérica está sob a influência de massas de ar tropicais continentais oriundas do Norte de África, havendo outros factores a ter em conta, como a altitude ou as baixas concentrações de óxidos de azoto, ou os compostos orgânicos voláteis (emitidos pelas plantas)".
In: JN
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