quinta-feira, 10 de julho de 2008

Estado do futebol português

GUERRA ABERTA DO CONSELHO DE JUSTIÇA
A reunião de sexta-feira 4 de Julho, do Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, acabou quando os casos mediáticos do Apito Final entraram na ordem dos trabalhos para serem decididos.
Péssima imagem, que se está a dar para a opinião pública, do órgão do topo da hierarquia do desporto português, que tem em mãos o dever de apreciar os recursos do Boavista e Pinto da Costa, da decisão da Comissão Disciplinar da Liga Portuguesa de Futebol, que determinou a subtracção dos seis pontos ao FCP, a suspensão por 2 anos do Pinto da Costa e a descida de divisão do Boavista.
Esta situação era de todo previsível, a partir do momento que foi tornado público, que o Presidente do CJ “aconselhou” a SAD do FCP a aderir ao recurso do seu Presidente do FCP, para assim, poder usufruir dos seus efeitos, no caso de decisão procedente na UEFA.
É caso para perguntar, onde está a autonomia e independência deste órgão de recurso?
Parece que tudo decorreu com normalidade até entrar nos temas quentes do Apito Final, onde o Presidente usou da palavra para comunicar o incidente de escusa suscitado pelo Boavista e FCP, relativamente ao Vogal João Abreu, alegando que o representante da Associação de Futebol de Setubal integra a lista de peritos do Regulamento do Estatuto da Inscrição e Transferência de Jogadores.
O Presidente do CJ Gonçalves Pereira, deu provimento ao pedido do Futebol Clube do Porto e Boavista, e nos termos do nº 3 do art. 45 do Código do Processo Administrativo, reclamou competências para excluir o Vogal João Abreu, tendo este, se recusado a abandonar a reunião e foi de imediato encerrada por Gonçalves Pereira, da qual foi lavrada acta.
Perguntas que exigem respostas…
O facto do Conselheiro João Abreu ser perito é motivo de impedimento legal?
O Presidente do Conselho de Justiça, pode reclamar competência para apreciar unilateralmente o pedido de escusa, apresentado pelo Boavista e FCP?
Ao abrigo do art.º 9, al. b) do Regulamento do Conselho de Justiça, Gonçalves Pereira, tem competência para encerrar os trabalhos, contra a vontade manifestada por alguns dos outros Conselheiros?
A acta elaborada e assinada contra a vontade dos outros Conselheiros, tem eficácia jurídica?
Os restantes Conselheiros podem dar continuidade à reunião, depois do abandono do Presidente do Conselho de Justiça, e apreciar os referidos recursos do Presidente do FCP e Boavista?
O Presidente do CJ pode ser suspenso pelos Conselheiros Vogais?
Tem fundamento legal o processo disciplinar que foi instaurado ao Presidente do CJ?
São nulas as deliberações do CJ , após o abandono do Presidente Gonçalves Pereira?
A Federação Portuguesa de Futebol, tem que notificar os clubes e entidades em causa da decisão do Conselho de Justiça:
Afinal ficou tudo decidido? ou Ficou tudo por decidir?
Perante tudo isto, vamos assistir a recursos para o Tribunal Administrativo.
Daqui resultam acusações graves
Ao JN o Conselheiro João Abreu referiu que “Fui pressionado pelo Dr. Gonçalves Pereira, para mudar de opinião e votar contra as escutas. Ele queria reduzir o CJ a seis elementos, para, com voto de qualidade, decidir os recursos para o lado que quisesse” .
O que se estranha é as afirmações do Presidente do CJ, Gonçalves Pereira que admitiu que “tem todas as condições para continuar e para marcar nova reunião do CJ, após as águas serenarem”.
Porque será que Presidente do CJ, nunca colocou a possibilidade de abandonar o cargo?
Será para satisfazer o interesse de terceiros?
Daqui se podem retirar várias ilações; estes recursos já deveriam ter sido julgados há muito tempo, pois tinham carácter de urgentes, mas por motivos que ninguém sabe, não foram apreciados pelo Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol, que originou que a UEFA não pudesse decidir a participação do Futebol Clube do Porto na próxima Liga dos campeões, e teve que admitir o clube a participar na próxima competição.
O que parece, é que este órgão colegial é composto por pessoas que são indicadas pelos clubes e associações, que são manipulados de fora para dentro, são os “lóbis” do nosso futebol, que impedem a evolução do desporto e dão esta imagem triste de Portugal como um país “terceiro-mundista” por esse mundo fora.
É o sistema que está enraizado no nosso futebol, a funcionar na sua plenitude…

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