sábado, 18 de outubro de 2008

O problema da pobreza

Dezoito por cento da população vive com menos de 366 euros por mês, o valor médio do rendimento nacional. Portugal é o país da União Europeia que mais reduziu a pobreza nos últimos anos, mas mesmo assim continua acima da média europeia.
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Portugal registou em 2006 - data dos últimos dados do gabinete de Estatística da União Europeia - uma recuperação dos níveis da pobreza, cujo limiar foi estabelecido em 60 por cento do rendimento médio em cada país.
Além de Portugal, só Irlanda, Holanda e Malta registaram progressos no combate à pobreza. No limiar da pobreza viviam 16 por cento dos europeus, o que corresponde a 78 milhões de pessoas.
O comissário europeu do Emprego, Assuntos Sociais e Igualdade de Oportunidades sustenta que é preciso “fazer mais”. Os níveis de pobreza pioraram na Alemanha, Bélgica, Dinamarca, Finlândia, Hungria, Itália, Lituânia, Letónia, Luxemburgo, Polónia, Suécia e Roménia.
Em todo o mundo, morrem diariamente mais de 50 mil pessoas de pobreza extrema.
A fome é uma das faces da pobreza. Novecentos milhões de pessoas não conseguem garantir uma alimentação adequada. Mais de mil milhões de pessoas sobrevivem com menos de um dólar por dia.
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Ministro da Segurança Social quer chegar à média europeia
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As “transferências sociais” são o principal motivo da redução da pobreza em Portugal, sustenta o ministro do Trabalho e da Segurança Social, que também destaca a pensão mínima fixada em 1999. Vieira da Silva apontou a evolução dos números da pobreza em Portugal desde 1977. A 7.ª Mesa-Redonda sobre a Pobreza e a Exclusão Social reuniu, em Marselha, os responsáveis pelo projecto da Comissão Europeia de luta contra a pobreza, que visa garantir um rendimento mínimo, políticas que favoreçam a inserção no mercado de trabalho e acesso a serviços sociais de qualidade.
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Dia para a Erradicação da Pobreza assinalado em todo o país
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Mais de 300 alunos da Escola Secundária José Gomes Ferreira, em Lisboa, participaram na iniciativa “Levanta-te e actua”, que pede aos Governos que cumpram as promessas de combate à pobreza definidas nos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. No Porto, a Fundação Filos promoveu um debate em que o reforço da acção local foi apontado como solução para combater a pobreza. A Associação Cais promoveu, também neste âmbito, a conferência de Carlos Vasconcelos Cruz intitulada “Portugal Desigual”. Ainda neste contexto, a Assistência Médica Internacional alertou para o constante aumento do número de pessoas que procuram os seus serviços. No primeiro semestre de 2008 recorreram ao apoio social da AMI 4.695 pessoas, o que corresponde a 64 por cento do ano anterior.
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Pobreza está concentrada nos arredores das grandes cidades
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As deliberações da Rede Europeia Anti-Pobreza foram entregues à Comissão Parlamentar dos Assuntos Constitucionais, Liberdades e Garantias.
O vice-presidente da organização sustenta que Portugal, apesar de ter registado “uma baixa no número de pobres”, o país ocupa uma “posição muito desfavorável” no contexto europeu. A presidente da Federação Portuguesa do Banco Alimentar Contra a Fome acrescenta que “as maiores bolas de pobreza estão concentradas nas zonas urbanas”. “Perto das cidades, as pessoas dependem quase exclusivamente dos seus salários para comerem e, em Portugal, tem-se verificado um fenómeno de desertificação do interior, com muitos idosos abandonados em zonas que há poucos anos eram cultivadas”, notou Isabel Jonet.
Em Braga, durante a inauguração do 14.º Banco Alimentar contra a Fome em Portugal, Isabel Jonet considerou que o problema mais grave que afecta a famílias do Norte do país é o desemprego, em virtude do fecho de várias fábricas. Os voluntários de Braga querem, agora, reunir equipamentos para o armazém como “caixotes, um empilhador e um tapete rolante para se fazer a triagem dos alimentos nos dias de recolha”.
Raquel Ramalho Lopes, RTP2008-10-17 17:35:06

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