segunda-feira, 11 de maio de 2009

Nota à Comunicação Social

Sete Fontes: crime contra o património.
É absolutamente lamentável e intolerável a metodologia que a Câmara Municipal de Braga vem adoptando relativamente ao Monumento Nacional das Sete Fontes, fugindo do debate público e rejeitando a discussão de alternativas.
Quinze dias depois de o PS ter recusado na Assembleia Municipal uma proposta do Bloco de Esquerda de que a Câmara Municipal "promova, tão breve quanto possível, a apresentação e debate público dos diferentes projectos existentes para a zona, nomeadamente no que respeita a vias de circulação e planos de urbanização, bem como das medidas de preservação do Monumento Nacional das Sete Fontes", vem agora a autarquia aproveitar a Feira das Freguesias para um simulacro de apresentação pública, numa repetida atitude de arrogância e opacidade nas decisões.
O plano que a Câmara apresentou ao Instituto de Gestão do Património Arquitectónico e Arqueológico (Igespar), comprova o que já se suspeitava, porque encurrala as Sete Fontes entre acessibilidades e edificações, comprometendo assim de modo irreversível a criação de um amplo parque ecológico para usufruto dos cidadãos.
A confirmar-se o projecto, que aguarda aprovação do Igespar, verifica-se que a Câmara optou pelos mínimos legais (os 50 metros de protecção) como se não existissem alternativas no que respeita aos acessos ao novo hospital, e como se Braga necessitasse prementemente de mais urbanizações, esquecendo-se que existem no concelho mais de 15 mil fogos devolutos, dos quais mais de quatro centenas são edifícios degradados no centro histórico.
Apesar da tentativa de facto consumado no saque às Sete Fontes, um autêntico crime contra o património histórico e ambiental, os bracarenses ainda podem e devem lutar pela inviabilização do projecto apresentado, se souberem unir-se em defesa da memória e do futuro da cidade.
É este o desafio que se coloca à actual geração de políticos, dirigentes associativos e cidadãos, que não queiram ficar para a posteridade como co-responsáveis, por acção ou omissão, pela transmissão do legado de uma cidade desenhada pelos interesses da construção civil, e onde o espaço público e o património parecem sempre ser considerados como obstáculos à ganância e ao lucro de um punhado de prevaricadores, que julgam ser os novos senhores da cidade bimilenar.
João Delgado - Candidato à Câmara Municipal de Braga pelo Bloco de Esquerda

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