Rezas e cânticos à virgem da Serra de Codeçoso
Teve início há cerca de quatros anos e repete-se no princípio de cada mês. Um grupo de fiéis - umas vezes mais numerosos, outras vezes menos - reza e canta preces e hinos a Nossa Senhora em plena serra de Codeçoso.
O “Jornal da Terra” esteve lá e acompanhou o cortejo. Este forma-se ao Km 30 da E.N., ali bem próximo do empreendimento do RTA, e, por caminhos acidentados e pouco convidativos, num percurso de mais de 2 quilómetros, dirige-se a um ignoto lugar na serra chamado Vale Covo, local de destino daquela gente devota.
Estivemos lá em 5 de Setembro e voltaríamos no dia 3 de Outubro de passado. Do que ali vimos e ouvimos damos conta aos leitores do “Jornal da Terra”.
Da primeira vez, uma dúzia de homens e mulheres rezava o terço, em marcha lenta com frequentes paragens para a meditação dos mistérios e cânticos marianos. À cabeça do cortejo, um homem segurava no crucifixo e uma rapariga transportava um lampião aceso, logo seguindo dos restantes. Gente simples, gente do povo. Algumas pessoas reconhece-nos, com quem nos cruzamos frequentemente e a quem saudamos no adro da igreja, no final da missa dominical.
Um pequeno e momentâneo incidente perturbaria a aparente devoção e religiosidade dos participantes. Um indivíduo, que despertava a nossa atenção por caminhar descalço naquela chão pedregoso e poeirento, abandonaria o seu ar compungido e piedoso para ameaçar os repórteres do “Jornal da Terra” com um processo judicial se insistissem em fotografá-lo.
Após uma caminhada de duração superior a uma hora, num cenário agreste e repleto de beleza, somente ofuscada pelos numerosos eucaliptos que vão surgindo, aproximamo-nos do local almejado. Num pequeno vale, onde se notam vestígios de recentes terraplanagens, espera-nos uma construção de blocos de cimento apenas iniciada, e, sobre uma coluna tosca feita do mesmo material, um oratório de madeira com uma gravura de Nossa senhora do Rosário. Ali são depostos ramos de flores que algumas mulheres transportavam consigo e repetem-se orações e cânticos, com os devotos ajoelhados na terra. Dos lados de Moreira do Castelo surgem oito retardatários, que ficam por perto a observar…
Estamos em Vale Covo, lugar de devoção e onde se pretende edificar uma capela dedicada à Virgem Maria. Ali, nas proximidades do Ribeiral, o sítio em que, segundo a mentora daquele projecto e “peregrinação” – mulher de 60 anos, chamada Maria de Celeste Teixeira Ferreira -, se verificou a aparição de Nossa Senhora do Rosário.
Voltámos ao local um mês mais tarde, em 3 de Outubro. Desta vez, apesar da abundante chuva que insistentemente caia, um grupo de sete pessoas (cinco mulheres, um homem e uma criança), com a mesma devoção, repetiam o cerimonial já descrito atrás.
Referem-nos que, no passado dia 6 de Novembro, teriam participado naquele acto religioso cerca de duas centenas de pessoas, sendo-nos igualmente referido que, noutras ocasiões, ali se teriam juntado largas dezenas e até centenas (?) de devotos, para o que se transportariam em autocarros de excursão.
Texto: Raul Lopes in Jornal da Terra
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PS: continua no próximo mês…
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