quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Artigo de opinião

Ainda o Euro 2004 em Portugal

Fui sempre uma contestatária à organização do Euro 2004 em Portugal, o motivo não é de não gostar de futebol, bem pelo contrário, mas apenas pelo facto de entender que o país não estava preparado para fazer o investimento público tão grande, sem que fosse previsível um retorno efectivo ao nível da económica nacional.

Exageradamente, foram construídos dez estádios de futebol, alguns com recurso ao investimento público, através do pagamento de 25% e concessão de linhas de crédito, outros construídos pelas Câmaras Municipais com recurso a empréstimos.

Tem sido um problema a manutenção destes espaços desportivos, pois exigem um grande investimento anual na conservação e rentabilização, o que não tem sido fácil, porque alguns estádios não tem uma grande equipa que dispute as principais competições de futebol em Portugal, como são os casos do Algarve, Aveiro e Leiria.

No caso do Estádio do Algarve, foi criado uma empresa que organiza vários eventos desportivos, nos quais se incluem a final da Taça da Liga de Futebol e o Torneio de Verão do Algarve, mas apesar de tudo, esta empresa já está a despedir pessoal, pois não consegue suportar as despesas em maré de crise.

A situação do estádio de Aveiro é mais grave, primeiramente porque está geograficamente deslocado, fica muito longe do centro, e por outro lado a equipa do Beira-mar joga na 2º divisão, nada favorecendo a rentabilização do recinto desportivo, inclusivamente, já se pensou na sua demolição, o que ainda é mais grave, depois dos milhões gastos na construção.

Daqui se pode concluir que o Euro 2004, apenas trouxe de positivo a projecção internacional do país enquanto organizador do evento, testando as nossas capacidades enquanto país periférico na Europa, aliás, reconhecido como bom exemplo pelas instâncias máximas do futebol mundial UEFA/FIFA, mas a factura está por pagar e talvez ainda sobre para os gerações vindouras.

Por. APMA

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