Entrevista da Semana com Manuela Monteiro

A entrevistada da semana é a Manuela Monteiro, mais conhecida pela Nela Monteiro, ou então pela Chefe Nela, como ainda muitos lhe chamam. A Nela é natural e residente de Codessoso e nasceu a 27 de Maio de 1964.

É Licenciada em Engenharia Electrotécnica e Computadores, pela Faculdade de Engenharia do Porto, neste momento dá aulas na Escola Básica de Santa Marinha em Gaia e na Escola de Hotelaria do Porto. É uma pessoa bastante participativa nas diversas actividades que decorrem na nossa Freguesia, nomeadamente, já foi Chefe dos Escuteiros, participa nas Caminhadas GDC, faz parte da Equipa GDC de Futsal Feminino, faz as aulas de aeróbica, entre muitas outras.

JC- Como encara o problema da desertificação no interior do país e, em concreto na nossa freguesia?

MM – Se abordarmos o problema da desertificação em termos do desequilíbrio demográfico, este não é uma realidade exclusiva de Codessoso mas sim de algumas partes do resto do país.

Existem vários factores que contribuem para este desequilíbrio, nomeadamente:

- a evolução demográfica global no sentido dum contínuo e acelerado envelhecimento da população

- a fraca oferta de emprego e a as condições de vida que os meios pequenos oferecem, fenómeno associado a surtos migratórios, internos e externos, com particular incidência na população em idade activa e que acaba por ter efeitos directos na diminuição da natalidade.

• a baixa qualificação dos recursos humanos,

• a fragilidade do tecido produtivo assente na actividade agro-florestal,

• a reduzida capacidade de iniciativa empresarial,

• a desidentificação das pessoas com o território em que vivem,

• a importância de alguns recursos locais bastante subaproveitados

JC- Na sua opinião, qual o impacto que as futuras obras públicas em Codessoso, (Centro de dia e Barragem) terão na vida da sua população?

 

MM – O impacto na população creio que será positivo na medida em que contribuem para a melhoria da qualidade de vida e da oferta de emprego disponível. No caso da barragem possivelmente apenas no período de construção.

A criação de postos de trabalho constitui-se como um aspecto crucial no sentido de promover, também economicamente o território, atribuindo-lhe a auto-sustentabilidade que lhe garanta alguma autonomia face ao exterior. A dinamização da economia local surge na minha perspectiva, intimamente associada à fixação da população jovem e à formação e qualificação dos recursos humanos locais. De facto a dinamização do investimento produtivo junto dos jovens poderá, também, traduzir-se na fixação de alguma massa crítica na região. Terá de se dar especial relevância ao investimento produtivo que promova os recursos locais, ao investimento promovido por jovens e mulheres, gerador de emprego e que seja respeitador do ambiente.

JC- Algum dos seus projectos futuros, pessoais ou profissionais, têm por base a freguesia de Codessoso?

MM – Em termos futuros creio que sim. Neste momento estou a implementar com a minha irmã a Floriz, empresa na área de produção de flores em estufa e concepção de arranjos florais para eventos (baptizados, casamentos, congressos entre outros). Estamos a desenvolve-lo de forma progressiva, mas temos perspectivas para o futuro. A área comercial é neste momento a nossa próxima aposta.

A minha ligação à freguesia sempre foi grande e continuará ser.

JC- Qual a sua opinião relativamente às actividades organizadas pelas duas associações existentes nesta aldeia?

MM – Creio que se complementam. A história das duas é o exemplo de “concorrência” benéfica.

JC- Qual o balanço que faz da realização de algumas competições desportivas no concelho? Tais como a Liga de Futsal e a Taça Seniores entre outras.

MM – Sem dúvida um balanço positivo. Desenvolve a actividade desportiva, proporciona maior interacção entre as populações (é frequente as pessoas assistirem aos treinos e aos jogos e apoiarem). Permite dar a conhecer o concelho ( ao deslocarem-se para verem os jogos noutras freguesias). Há freguesias que conheci porque os meus sobrinhos participaram em jogos nos anos anteriores. E outras que fiquei a conhecer por jogar na liga feminina. Ao nível económico também é importante, envolve patrocínios, empresas, pessoas de várias áreas, dinamiza a economia.

JC- Na recente votação deste blogue, Manuel Mota foi eleita personagem do século XX em Codessoso. Concorda com o resultado? Em caso negativo, diga quem seria o seu eleito.

MM – Concordo plenamente. Criou uma empresa de nível mundial, onde muitas pessoas da freguesia trabalharam e trabalham, formam-se e formam. Eu sou um exemplo deste último. Tive o privilégio de dar formação no centro de formação da Mota Engil. Manuel da Mota várias vezes foi referido na imprensa como o homem de negócios com sentido de família, solidariedade e ética profissional. Considero muito justa a eleição deste homem.

Esta escolha não retira o mérito às restantes personalidades nomeadas. Todas representam bem a freguesia e foram importantes para o seu desenvolvimento. Creio que Codessoso tem “o privilégio” de contar com tantas referências para esta votação.

JC- Que mensagem gostaria de deixar á população de Codessoso?

MM -A mensagem que deixo assenta na importância de sermos coesos, unidos e solidários. Quando se tratar da freguesia, as pessoas devem deixar as questões pessoais de lado. A freguesia é pequena, tem coisas que poucas freguesias têm. É agradável viver em Codessoso, e esta aldeia será aquilo que nós construirmos.

Considero relevante que os responsáveis ponderem medidas para a fixação da população jovem, o reforço da identidade local, a valorização dos recursos locais e a dinamização da economia local.