quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Resenha histórica de Codessoso

Continuação...
Codeçoso nas corografias do século XVIII
No início do século XVIII, o P.e António Carvalho da Costa na sua Corografia Portugueza (1706), menciona as freguesias de Aboim e de Codeçoso, da seguinte maneira: “S. Pedro de Aboim, Curado annexo a Toloens, rende vinte mil reis, e para os Conegos sessenta mil reis, tem vinte & cinco visinhos, Santo André de Codeçoso, Curado anexo telha, & são estas duas Freguesias Couto das Taboas Vermelhas de Nossa Senhora da Oliveira, no qual fazem Juiz os Conegos de Guimarães: o Escrivão he hum dos de Cerolico de Basto”. 12
Também nas Memorias Ressuscitadas da Província de Entre Douro e Minho, de 1726, Francisco Xavieir da Serra Craesbeeck, referindo-se ao Couto de Codeçoso, diz que este “fica dentro do destrito da Villa de Basto, para a parte do Nascente, em terras muito asperas e montuozas, demarcado sobre si e previlegiado das taboas vermelhas da Nossa Senhora de Oliveira, da Collegiada desta villa, cujos conegos nelle apresentão hum juis, vereador e procurador, com que se governa no civil, que no crime he da villa de Basto; e serve nelle hum escrivão da villa de Basto; e tem sua caza de audiencia, na freguesia de Santo Andre”. Quanto à localização da casa da audiência ou na Câmara em Codeçoso, julgo haver aqui um erro, pois possuo indícios de que se situaria em Aboim, mas, não tendo ainda todos os elementos que o comprovem, não o afirmo categoricamente. Relativamente à freguesia de Codeçoso, diz também o mesmo autor: “A igreja de Santo Andre de Codeçozo he curato da apresentação do Reitor de Santo Andre de Tollões, da villa de Basto, e seo cura o Padre Manuel Teixeira de Barros; não tem sacrário, nem sepulturas, com letreiros, nem cappellas filiares”. 13
Por último, o Pe. Luís Cardoso no seu Dicionários Geográfico (o 1º volume foi publicado em 1747 e o 2º, que refere Codeçoso, em 1751) escreve: “ Lugar da Provincia de Entre o Douro e Minho, Arcebispado de Braga, Comarca de Guimarães, Termo da Villa de Basto, Primeira parte da Visita de Sousa, e Ferreira: tem sessenta e hum visinhos. A Igreja Paroquial, dedicada a S. André Apostolado, (…) (…). O Paroco he Cura, apresentação do Cabido da Real Collegiada de Guimarães: tem de congrua oito mil reis em dinheiro, trinta alqueires de pão meado, duas libras de cera fina, dous almudes de vinho, e dous alqueires de trigo. Produz milhaõ, centeyo, vinho de enforcado, azeite, e castanha: ao Nascente desta terra parra o Rio Tâmega”.14
Onde de vê (…) (…) era mencionado o número de altares da igreja e a quem são dedicados, o que omiti deliberadamente pela razão atrás exposta. Estranhamente, não surge qualquer referência, quer ao Couto, quer ao privilegio das Tábuas Vermelhas, enquanto que o Autor, no tomo I, publicado quatro anos antes, referindo-se a Aboim, dizia que era “Freguesia na Provincia de Entre Douro e Minho, Arcebispado de Braga, Comarca de Guimarães, Termo de Cerolico de Basto, Couto de Aboim, e Codeçoso”. E mais adiante: “Governa-se por hum Juiz ordinário, e mais officiaes da Camera, postos pelo Cabido da Collegiada de Guimarâes: e no destricto de Cerolico de Basto he Couto, privilegiado com o privilegio das Taboas Vermelhas da mesma Senhora da Oliveira”. 15
Importa saber que o Dicionário Geográfico do Pe. Luís Cardoso resultou das respostas dos párocos a dois questionários elaborados pelo autor em 1721 e 1732, os quais foram mandados distribuir pela Academia Real de História Portuguesa, chegando aos párocos através das Secretarias dos Bispados. Com o terramoto acorrido no dia 1 de Novembro de 1755 e com a destruição do Convento onde vivia o autor, ficaram sepultados, senão mesmo queimados, a maior parte dos manuscritos resultantes dos ditos questionários, salvando-se, porque já estavam publicados, os das povoações cujo nome se iniciava pelas três primeiras letras do alfabeto, e dos quais retiramos os excertos acima.
Em 1756 tornou a fazer-se um inquérito, o original das respostas, em 44 volumes encadernados e organizados alfabeticamente por freguesias, vulgarmente designados por Memórias Paroquiais de 1758, conserva-se no Instituto dos Arquivos nacionais/Torre do Tombo. Lamentavelmente, ainda não tive a oportunidade de consultar e conferir a resposta ao inquérito relativo a Codeçoso.
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Cont. (...)
. Por Raul Lopes

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