quinta-feira, 17 de abril de 2008

Resenha histórica de Codessoso

Dista a 8 km da sede do Concelho. Etimologicamente o seu nome designa o lugar onde abundavam muitos codeços, a sua denominação é muito antiga sendo já conhecida no ano de 968. Foi curado anexo à Vigaria de Telões, pertencendo ao Couto da Real Colegiada da Nossa Sra. da Oliveira de Guimarães. Como freguesia independente, formou juntamente com a freguesia de Aboim (Concelho de Amarante) o Couto das Tábuas Vermelhas da Nossa Sra. da Oliveira pertencendo sempre ao Concelho de Celorico de Basto. A apicultura é a sua mais antiga actividade. A produção de mel e o fabrico de cera em que é fértil, deu motivo a que José Augusto Vieira, no “Minho Pitoresco” a denominasse de Himeto de Celorico “Himeto é uma montanha grega a sul de Atenas famosa pelo seu mel e mármore”. Embora os seus habitantes se tenham dedicado, na sua maioria à agricultura. Aqui também se explorou estanho e volfrâmio e há notícia que em tempos de outrora foi um importante centro de fabrico de telha. As alterações de usos e costumes que a nossa gente sofreu ao longo dos tempos, serão temas que iremos dar a conhecer, por agora deixamo-los com os dados históricos mais antigos que se conhecem viajando no tempo até cerca do ano de 1500. A partir daqui deixamo-los com o trabalho realizado por Raul Lopes, especialista em historia local e responsável pelo “Jornal da Terra” da freguesia de Aboim. “ a mais antiga referência documental de Codeçoso que conheço (o que não significa que não possam existir outras anteriores) é datada de 1258 e reporta-se às inquirições de D. Afonso III, na parte que respeita à segunda alçada e ao Mosteiro de Telões, incluído no Julgado de Celorico de Basto. Antes de avançar mais, para os leitões menos familiarizados com a história, deve-se esclarecer o que são inquirições. Trata-se de inquéritos ordenados pelos monarcas portugueses, nos séculos XIII e XIV, que, inserindo-se numa estratégica de reforço do poder real, se destinavam a averiguar do estado dos bens e direitos do Rei e da Coroa, a fim de pôr cobro às usurpações neles cometidas pelas classes privilegiadas de então, a Nobreza e o Clero. As primeiras inquirições gerais datam de 1220, no reinado de D. João I, já na segunda dinastia. Estas constituem fontes de inegável importância para o conhecimento da Idade Média, não só no sector sócio-económico e politico mas também nas áreas de demografia e da linguística.1
COUTO DO MOSTEIRO DE TELÕES
Nas mencionadas Inquirições de 1258, o declarante é o Abade de Telões, João Pedro de seu nome, que informa os membros da respectiva alçada (a comissão de inquérito nomeada pelo Rei) que em Codeçoso se localizavam doze casais do Mosteiro de Telões, apesar de ignorar de que modo teriam vindo para a sua posse, e interrogado se aí entrava o mordomo régio respondeu negativamente, também não sabendo porquê (“Et dixit quod in Codesoso habentur ibi xij, casalia et sunt omnia Monasterii de Teloes, et nescit unde habuit ea. Interrogatus si intrat íbis Maiordomus, dixit quod nescit”). Depois refere os lugares de S. Pedro e Aboim, respectivamente com quatro e três casais, pertencendo todos igualnente ao dito Mosteiro, e acrescenta que neste lugar de Aboim não entra mordomo nem juiz régio (“non intrat ibi Maiordomus Nec Judex Domini Regis”). Interrogado porquê, responde que ouvira dizer que os ditos lugares de Codeçoso, s. Pedro e Aboim tinham sido de d. Gonçalo de Sousa, o qual tinha aí a sua “quintã” (“dixit quod audivit dici quod ille locus de Codesosa et de Avoym et Sancti Petri quod fuit Domni Gonsalvi Sause et fuit sua quintana”)2. Texto: Raul Lopes Nota: continua para o próximo mês

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